Elevadores: basta um contrato de manutenção?

Os elevadores são equipamentos de transporte vertical extremamente comuns e, estatisticamente, pode-se dizer que se trata do meio de transporte mais seguro do mundo. Contudo, mesmo sendo pacificada a necessidade de um contrato de manutenção nos condomínios, ainda nos deparamos com diversas ocorrências. Por quê?

Primeiramente, há uma complicada combinação envolvendo inúmeras empresas prestadoras de serviço com a baixa regulação nesse nicho de mercado. Um efeito disso é visto na alta frequência de alocação de mão de obra desqualificada, ou mesmo negligente para com a manutenção. Não há um processo criterioso que “filtre” as firmas realmente aptas a adquirir/manusear peças e equipamentos mais sensíveis. Acaba tudo sendo pelo menor preço. Às vezes, acompanhado de uma maior dor de cabeça.

Em segundo lugar, é muito recorrente nos depararmos com um arrefecimento do olhar do dono, do condomínio, assim que de posse de um contrato de manutenção. É como se a simples existência do contrato implicasse uma aderência às normas técnicas que tratam de desempenho e, principalmente, da segurança. Talvez lhe surpreenda, mas é tão comum quanto uvas-passas nessa época do ano, encontrar elevadores funcionando sem portar qualquer dispositivo de segurança, colocando em risco todos os usuários. Nós.

Isso é fruto da omissão das construtoras ou das empresas envolvidas com a manutenção, conforme o caso.

Como tais problemas são perceptíveis apenas por especialistas, seguimos deixando nos guiar “a noite sem farol”, “em alta velocidade sem airbag”, “fazendo curvas com pneus lisos”, para trazer esse assunto dentro de uma realidade em que o risco é mais apreensível pelos leigos. Afinal de contas, não é tão trivial detectar problemas nos “limitadores de velocidade”, “no nível de conservação dos resistores”, “se há ou não corrente de sincronismo”, ou ainda, a condição de diversos itens que facilitariam o resgate de usuários presos.

Mas não há motivo para pânico, mesmo que você sofra com claustrofobia. Arriscado, entretanto, são os cenários em que se abre mão de uma inspeção periódica, com a emulação dos testes de segurança, apontando aquilo que o contrato de manutenção não tem observado ou precisaria melhorar.